Realizada pela Câmara Municipal a 3ª edição da Comenda "Poeta Antônio Nélcio de Abreu, o Chinho"

por Câmara Municipal de Pedralva-MG última modificação 16/11/2020 17h24
Sessão solene para entrega da comenda ocorreu no ultimo sábado e homenageou o Maestro e Cineasta José Arnaldo de Macêdo.

No último sábado, 28 de setembro, às 20 horas, na sede do Poder Legislativo, vereadores da Câmara Municipal de Pedralva se reuniram em sessão solene para entrega da Comenda “Poeta Antônio Nélcio de Abreu, o Chinho”, que neste ano homenageou o Maestro e Cineasta José Arnaldo de Macêdo.

Esta Comenda tem o propósito de reconhecer a dedicação dos cidadãos que contribuem para uma construção de uma Pedralva culturalmente mais rica.

Nesta data é comemorado em Pedralva o dia do Poeta Pedralvense. Data criada através da Lei Municipal nº 1.254/2003. E, juntamente com a entrega da Comenda, foi prestada homenagem pelo Jornal “O Centenário” ao senhor Benedito Vilas Boas “Dito Isaque”, poeta pedralvense.

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Entrega da Comenda Poeta "Antônio Nélcio de Abreu" em 2019

Biografia de José Arnaldo de Macêdo

Na música

José Arnaldo de Macêdo, o penúltimo de 8 filhos de Elvira Jardim Macêdo e José Ribeiro Macêdo, nasceu em Pedralva, em 07 de março de 1946. Desde criança gostava de apreciar as bandas de música que tocavam nas festas municipais. Pegava escondido o violão de seu irmão, Quiquinho, para aprender a tocar. Em 1958, com 12 anos, teve como primeiro instrumento musical uma requinta, também conhecida como clarinette alta. Aprendeu as primeiras lições musicais com o maestro Alcísio Barros Cobra, irmão da Dona Agostinha, na sede da banda municipal, onde participava de aulas teóricas e práticas duas vezes por semana. Aos domingos, tocava no conjunto Outrora, como ritmista. O nome do conjunto foi ideia de um dos integrantes, sua prima, Maria Inês Bustamante Braga, que tocava piano. Seu marido, Tarcísio Braga, tocava acordeon. O conjunto também era composto pelo primo David Abel Mendes Bustamante, tocando bateria e Sebastião Realino, seu amigo, tocando clarinette. Sua primeira apresentação, pela Corporação Musical Santa Cecília, regida pelo maestro Alcísio, foi na festa de São Sebastião em janeiro de 1959, tocando requinta. Nas festas familiares era chamado para fazer o ritmo, acompanhando as cantorias de suas irmãs e mãe. Em 1960 deixou de participar da banda municipal para estudar no Ginásio de São Miguel, um internato, na cidade de Passa Quatro, onde continuou os estudos musicais com o padre Michel, aperfeiçoando-se na teoria musical e praticando com um clarinette que ganhou de seu tio, Francisco Ribeiro Macêdo. Foi convidado pelo seu professor de música para integrar no coral do ginásio. Participou de uma apresentação pelo coral no cinema de Passa Quatro. No final de 1960 retornou à Pedralva. No ano seguinte entrou na fanfarra do professor Raimundo Martins, no Ginásio São Sebastião de Pedralva. Iniciou tocando tarol e, posteriormente, corneta. Pôde continuar seus estudos musicais teóricos nas aulas ministradas pelo professor Raimundo, no ginásio. Por possuir o instrumento e gostar de tocá-lo, praticava com seu clarinette em casa. O professor Raimundo formou um pequeno conjunto para tocar no grêmio estudantil que acontecia todo sábado às 13h. Foram convidados para participar de alguns eventos na cidade. O conjunto foi composto pelo professor Raimundo, José Denísio Pereira, no saxofone, Tarcísio Braga e José de Jesus Carneiro Costa, no acordeon e José Arnaldo, na bateria. Em 1965 alistou-se no exército, em Itajubá. Como soldado, participou da fanfarra do 4º batalhão de engenharia, tocando corneta. Após sua baixa, em 1966, retornou a Pedralva. Participava de serestas e festas domiciliares tocando clarinette. Em janeiro de 1968 casou-se com Maria Helena de Castro Macêdo, com quem teve três filhos: José Arnaldo de Macêdo Júnior, Onilda Helena de Castro Macêdo e Luiz Sérgio de Castro Macêdo. Possui dois netos, João Luís de Macedo Reis e Matheus Silva de Macêdo. À convite de José Denísio, tocou saxofone em bailes de carnaval, em Pedralva e cidades da região. Em Itajubá, integrou na corporação Lira São José, tocando clarinette e baixo tuba Si Bemol e foi clarinetista do conjunto “Reminiscências”, criado por José Denísio. Com o renascimento do conjunto Outrora, aproximadamente em 1978, participou tocando clarinette. Pelo conjunto tocou em aniversários, festas e casamentos, em Pedralva e cidades vizinhas. O conjunto desfez-se em 14 de julho de 2000 após o falecimento de um dos seus criadores, Tarcísio Braga, que foi o seu maior companheiro musical e um dos grandes amigos. No final da década de 70, participou junto com as bandas municipais de Brasópolis e Itajubá de uma apresentação na festa de São Sebastião, de Pedralva. Foi o único músico pedralvense que integrou nas bandas. Deu continuidade nos estudos musicais em Itajubá, em 1981, tendo aulas particulares com Dona Mariana Marques Machado, pianista diplomada pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. No início da década de 90 o professor Raimundo Martins adoeceu e o convidou para ocupar o seu cargo de professor de música do município de Pedralva. José Arnaldo lecionou aulas de música, pela prefeitura da cidade, para formar uma banda municipal. As aulas eram ministradas na Escola Municipal Coronel Gaspar. Com sua primeira turma de alunos tocou em festas do município. Recebeu convites para lecionar aulas de música nas bandas municipais das cidades de Cristina e Itajubá. Com suas turmas de alunos tocou em encontros de bandas nas cidades do sul de Minas. Em maio de 1992, compôs o dobrado “7 de Maio”, em comemoração ao centésimo ano da emancipação de Pedralva. Entre junho e setembro de 1996, foi convidado para participar com seu clarinette de uma das faixas do primeiro CD do cantor Oliveira, no Estúdio Zama, na cidade de Itajubá. Fez curso de manutenção de instrumentos em Belo Horizonte, no Palácio das Artes. Na Cidade de Pouso Alegre, fez curso de regência e um segundo curso de manutenção de instrumentos. Ao longo da década de 90 participava de ensaios pelo Conjunto Outrora. Juntos tocavam José Arnaldo, Maria Inês, Tarcísio Braga e seus filhos. Também tocava nos carnavais, no Clube Recreativo e Literário de Pedralva, nos blocos Carnavalescos de rua e também nos carnavais das cidades vizinhas. Nos anos 2000 continuava lecionando nos municípios de Pedralva, Itajubá e Piranguinho. Participava de encontros de bandas em todo sul de Minas. Confraternizava com seus amigos e músicos Paulinho Faria, José Marcos Bustamante, Zé Rosinha, Sebastião Tarcício e Lilinho Barbosa, tocando música brasileira. Esse grupo formou o Conjunto Chorões da Pedra Branca. Tocaram em eventos de Pedralva e região. Pela Corporação Musical Gaspar Carneiro, de Pedralva, tocava em procissões, festas da igreja, eventos da cidade e encontros de bandas. Sendo um dos músicos convidados, tocou violão e clarinette em “Serestas de Pedralva”, evento criado pela Dona Agostinha. José Arnaldo aposentou-se da Corporação Musical Gaspar Carneiro no ano de 2002, encerrando seu ciclo de contribuição musical ao munício de Pedralva. De 2012 a 2015 tocou saxofone nos carnavais de Pedralva e Cristina pela charanga “Santo de Casa”, criada pelo músico pedralvense João César da Silva, um de seus ex-alunos. Sua última apresentação pelos “Chorões da Pedra Branca” foi em 27 de setembro de 2014 em uma serenata em homenagem ao poeta Antônio Nélcio de Abreu, o Chinho. Encerrou suas atividades musicais devido a problemas de saúde. José Arnaldo de Macêdo tocou nas corporações musicais das cidades de Pedralva, Itajubá, Brasópolis, Santa Rita do Sapucaí, Natércia e Cristina. Tocou em mais de trinta carnavais na região. Participou de mais de setenta encontros de bandas. Teve mais de quinhentos alunos. Recebeu agradecimento pela sua dedicação à “Banda de Cristina”, foi homenageado pelo prefeito de Pedralva, Marco Antônio, pelo grande trabalho realizado neste município. Em janeiro de 2008, na festa de São Sebastião, recebeu homenagem do presidente da Corporação Musical Gaspar Carneiro, João Carlos Claudino e demais integrantes, pelos 50 anos de atividades musicais.

No cinema

Aos sete anos ganhou um projetor Pathé tocado à manivela. Fazia projeções em casa com seu novo brinquedo e assim foi se tornando uma paixão. Seu tio, Francisco Ribeiro Macêdo, possuía cinema em 11 cidades da região, entre elas: Pedralva, Brasópolis, Natércia, Heliodora, Maria da Fé, Cristina, Santa Rita do Sapucaí e em Queluz, no estado de São Paulo. Desde criança viveu entre os cinemas do tio. Em 1967 assumiu a gerência do cinema de Pedralva, o Cine Americano. Toda noite havia sessão de filme na cidade. Era encarregado pelo cronograma dos filmes, controle da bilheteria, fluxo de caixa, projeção, sonoplastia e manutenção das máquinas projetoras. Em 1980, José Arnaldo comprou uma filmadora Super 8 e começou a fazer seus primeiros vídeos. Filmava a família e alguns eventos na cidade, como a festa de São Pedro. Surgiu a ideia de fazer um pequeno filme, no qual um lobisomem fazia sua vítima. Dudu Faria e Rogério Bustamante Abreu contracenaram. A intenção foi filmar algo engraçado a partir da situação. Após José Denísio tomar conhecimento da ideia, empolgou-se e propôs aumentar o tempo do filme, com um roteiro mais sério. A notícia espalhou-se pela cidade e muitos quiseram, de alguma forma, participar. Houve muita contribuição, tanto nas atuações como nos bastidores. O roteiro do filme “O Lobisomem da Pedra Branca” foi criado por José Denísio, juntamente com Sebastião Donizetti Monti Souza. A sonorização e sonoplastia do filme foram realizadas pelo Flávio Abreu Paiva. As filmagens e edições foram feitas por José Arnaldo, no município de Pedralva, entre junho de 1981 e março de 1982. O filme foi projetado em sessões no Cine Americano. Houve uma boa aceitação do público. Com os lucros obtidos na bilheteria foi possível liquidar todo o gasto das gravações. Com o falecimento de seu tio, Francisco Ribeiro Macêdo, em 10 de julho de 1982, recebeu o cinema de Pedralva de herança. O Cine Americano encerrou suas atividades em primeiro de janeiro de 1990. Os projetores foram vendidos. Em 2001, José Arnaldo resgatou e restaurou um dos projetores. Construiu uma pequena sala de projeção na sua residência e continua, até os dias de hoje, envolvido com os filmes que o rodearam, fantasiaram e acompanharam sua vida. Faz exibições na sua sala particular para turmas das escolas da cidade, famílias e amigos. Ocupa e passa seu tempo restaurando filmes e entretendo-se com as projeções.