Câmara realiza solenidade em homenagem as pessoas centenárias de Pedralva
A Câmara de Vereados de Pedralva-MG homenageou em sessão solene, às 16 horas, no ultimo dia 27, os pedralvenses centenários. Foram homenageados a Senhora Maria Elza Veloso e o Senhor Francisco Gonçalves de Mendonças.
Esta homenagem foi iniciativa da presidência da Câmara, um reconhecimento justo pela historia de vida destes cidadãos. A sessão foi prestigiada pelos senhores vereadores, pelo Prefeito e Vice-Prefeito e por parentes e amigos dos homenageados, que lotaram o salão de reuniões da Câmara.
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Homenageados
Maria Elza Veloso
Nasceu em 18 de abril de 1916, na cidade de Maria da Fé, Minas Gerais, onde foi criada junto com seus dois irmãos: Alice e José. Com seis anos de idade perdeu sua mãe. Seu pai casou-se de novo e foi criada com sua madrasta. Foi crescendo e, já mocinha, seu pai a colocou, junto com sua irmã, para cantar e tocar órgão na Igreja da cidade. Seu único passeio era ir de sua casa para a Igreja. Sempre muito vaidosa, gostava muito de sapato de salto. Logo arrumou namorado, José Francisco, com quem se casou e foi morar no Bairro Pedrão, área rural de Pedralva, junto com sua sogra. Pouco tempo depois, foi morar na localidade conhecida por Serrinha, onde trabalhou muito para fazer sua vida. Trabalhava na roça o dia todo e criava seus filhos, que teve um após o outro, num total de 15, sempre com muita fé. Todas as noites rezava o terço com seus filhos e seu marido. Para ganhar seu dinheiro, costurava à noite, com luz de lamparina. Também dava aula para os adultos que não sabiam ler e escrever. Alfabetizou várias pessoas onde morava. Anos depois, voltou para o Pedrão, onde começou tudo de novo, trabalhando muito. Sempre arrumava tempo para ajudar nas festas da comunidade. Com suas mãos delicadas, fazia lindos cartuchos, doces, roscas. Todos ficavam admirados de ver o capricho. Seus filhos foram crescendo, casando e constituindo suas famílias. Sua família está enorme, com mais de 100 netos, bisnetos e tataranetos. Hoje, ela mora sozinha, em uma casa grande, e, quando perguntam para ela se não tem medo de morar sozinha, logo responde “Estou com Deus, Ele é minha companhia”. Aos 100 anos, continua com muita força de viver, sempre trabalhando na horta, na casa, no bordado, na costura e na pintura. Cada neto que nasce ou se casa, lá vai ela com seu bordadinho de presente. Gosta muito de passear e é muito vaidosa. Gosta de se arrumar e não perde um casamento, formatura e batizado de seus netos. Se não tiver quem a leve, fica triste. Em todas as fotos lá está ela, muito sorridente. Só fala em viver mais e muito mais. Possui seus problemas de saúde, mas está sempre animada e pronta para atender a todos. Quando era jovem não faltava às missas. Hoje, como não tem jeito de ir à Igreja, não perde a missa de todos os dias na TV Aparecida e o terço das 18 horas. À noite, senta na sala e vai fazer o seu crochê até às 11 horas. No outro dia, às 6 horas, lá está ela cuidando do seu jardim, que parece uma paisagem: cuida das galinhas e busca seu leite no curral, tirado pelo seu filho Celso. Assim, passa o dia todo mexendo de um lado para o outro, cada hora fazendo uma coisa. Aos 90 anos, desenvolveu um trabalho comunitário muito importante, ensinando para pessoas da Comunidade do Pedrão trabalhos artesanais como: pintura, crochê, bordados, entre outros. Em resumo, esta é a história desta pessoa, que com fé, determinação e dedicação criou uma grande família e tem o privilégio de estar comemorando, neste ano, 100 anos de vida.
Francisco Gonçalves de Mendonças
Nasceu no Bairro Sertãozinho, área rural do Município de Pedralva, no dia 27 de julho de 1916, filho de José Gonçalves de Mendonça e de Maria Frauzina de Jesus. Com cinco anos de idade, perdeu sua mãe, que veio a falecer, deixando ele e seu irmão Daniel, que tinha apenas três anos, e foram criados por seu pai, que tempo depois, casou-se novamente. Estudou o primeiro grau com professor particular e casou muito cedo, com apenas dezenove anos, com Maria Isaura Toledo. Depois de três anos de casado, sua esposa faleceu, o deixando viúvo com uma filha de apenas um ano. Esse foi um período muito difícil de sua vida, devido a uma epidemia de febre tifoide, que correu na região, e que causou a perda de muitos de seus parentes e amigos. Só no Bairro Sertãozinho, em oito dias, morreram onze pessoas entre adultos e crianças. E ele cuidou de todos, passando por uma situação muito triste, pois, antes de sepultar, os mortos sequer podiam passar pela Igreja. tinham que ir direto para o cemitério. Mas, por ser um homem de muito fé em Deus, pôde suportar tudo isso e continuou a vida. Passado um ano, casou-se novamente com Sebastiana de Lima Mendonça, com quem criou doze filhos. Um homem batalhador, honesto, temente a Deus e justo. Nos tempos antigos, todos os anos, no mês de dezembro, organizava mutirão no Bairro Sertãozinho para capinar a estrada, para que o povo viesse nas festas de Natal e passagem do ano, pois o mato crescia tanto que não dava para passar. Também realizava, todos os anos, junto com seu irmão, coleta de mantimentos, em todos os bairros, para a Vila Vicentina socorrer os necessitados. Trabalhou em mutirão na construção da Igreja Matriz de São Sebastião. Viveu vários períodos de crise, inclusive a Revolução de 1932 e a guerra que ocorreu entre os anos de 1940 a 1945, período que teve um irmão na guarda de fronteira por mais de oito anos. Foi um período de muita tensão e sofrimento. Foi zelador da Capela de São Benedito e rezador de terço, por mais de vinte anos, na época do Padre Sebastião. No ano de 1979, veio morar na cidade e passou a trabalhar como arrendatário no plantio de arroz nas terras da família Macêdo. Trabalho que realizou até seus noventa anos de idade. Hoje, aos 100 anos de idade, reside com sua filha e seu genro, e recebe os cuidados de sua família, que por ele tem grande amor. Em resumo, esta é a história desta pessoa, que com fé, determinação e dedicação criou uma grande família e tem o privilégio de estar comemorando, neste ano, 100 anos de vida.